por João E. Silva » 10/Jan/2013, 03:02
Aqui está um aspecto que passa ao lado de muitos e bons jogadores, mas que na minha opinião se trata do pormenor mais fascinante em todas as modalidades de bilhar.
Este é precisamente o método que todos os grandes profissionais de snooker usam, a suavidade pura (na TV já dá para ter uma percepção, mas ao vivo é que se realmente sente a diferença, principalmente através do ruído absolutamente delicioso que as bolas fazem).
Como se costuma ensinar (mas cuja execução requer um estado mental absolutamente perfeito, praticamente Zen), é deixar o taco trabalhar sozinho, deixá-lo fluir, entrando pela bola branca a dentro, através de uma aceleração gradual que atinge o seu pico precisamente a partir do momento do impacto; o braço apenas serve para o direccionar e manter sob controlo.
Um dos melhores exemplos que se pode dar são mesmo aquelas bolas longas no snooker, algumas a uns 3 metros de distância, jogadas a puxar. Vemos os profissionais fazerem isto e ficamos boquiabertos, pois muitas vezes parecem-nos bolas praticamente impossíveis. Mas longe disso, aplicando precisamente este método (e um pano rápido também ajuda, e muito!) estas bolas conseguem-se fazer com alguma regularidade. É uma questão de nos conseguirmos libertar do facto da bola estar muito longe e precisar de uma enorme entrada na branca, o que, na maioria das vezes, origina, inconscientemente, uma aplicação desmedida de força e movimento corporal na tacada, que resulta sempre em desastre. Se conseguirmos chegar a um estado mental em que, independentemente da distância da bola e da entrada na branca necessária, conseguimos sentir conforto e abordar todas as bolas da mesma forma, variando apenas a abertura do movimento do braço (depois o balanço do taco, suave e gradual, só por si é suficiente), todas estas tacadas se tornam naturais é com enorme prazer que sentimos a suavidade do movimento, a perfeição do timing da tacada e a sensação maravilhosa da entrada na bola branca e da mesma a recuar, num trajecto total que pode chegar à incrível distância de 6 metros (se for uma bola a 3 metros puxada para trás a toda a sua distância)...
Esta é a verdadeira maneira de jogar (seja pool, seja snooker ou outra modalidade). A força é adversa à precisão e, portanto, naturalmente que aplicando este método, conseguimos ser infinitamente mais precisos, tanto a embolsar, como também na colocação da bola branca, para além de, na minha opinião, esta ser a forma que mais prazer permite extrair do jogo.
Este movimento absolutamente suave e fluído é uma sensação absolutamente única e nos momentos em que conseguimos por isto em prática, parece que estamos a tacar noutra dimensão. E apesar de toda esta conversa parecer algo "complicado", isto acaba por não ser assim tão difícil de executar. A grande dificuldade reside sim em conseguir atingir e, principalmente, manter esse tal estado de perfeição (Zen) a nível mental, que regula tudo aquilo que executamos na mesa, independentemente do nosso conhecimento, habilidade e técnica.