por Sérgio Mendes » 12/Nov/2008, 18:02
Tacada morta e estar na zona
O que significa a tacada morta ou a zona?
A zona que a maior parte das pessoas tenta descrever é um estado de consciência alterada mais comumente conhecida como própria hipnose em que a pessoa está intensamente focada, relaxada e sem percepção do ambiente em que está envolvida. Durante a maior parte profundamente imersa no tópico e está não julgamental. É geralmente um estado muito positivo em que o subconsciente dirige a maior parte do comportamento.
Já foi hipnotizado muitas vezes. Quando uma pessoa se perde a ver um bom programa de televisão ou um bom livro. Alguém chama o seu nome e não responde. Chamam o seu nome outra vez, mais alto e dizes, “Desculpa, escutei mas não estava a ouvir.” Isto é própria hipnose ou a zona.
Contráriamente a alguns comentários, pessoas inteligentes e creativas são bons sujeitos para hipnose. Uma vez aprendido, e sobre aprendido, uma pessoa consegue entrar ou sair desse estado por vontade própria. Normalmente um mecanismo desencadeador como ser pisado num pé não dominante ou ser tocado nas costas pode ser o gatilho.
Observando Reyes ou Deuel quando estão num jogo, pode-se reparar que cada homem está extremamente descontraido e não parecendo estar demasiado preocupado à medida que andam à volta da mesa. Esta descontração é indicativa de uma pessoa que está “perdida” no momento. Alguns podem chamar como uma forma de zona ou zona leve.
Até algum ponto, a zona é feita de ser quase um estado místico que é procurado mas não atingido por intenção.
O truque, se existe algum, é que para entrar na zona deve-se ser não julgamental (sobre o próprio) e no entanto ter a habilidade de analisar a mesa e então deixar o corpo/subconsciência fazer a jogada. Para muitas pessoas isto significa entrar e sair da zona à medida que cada jogada é analisada. Isto é possível mas requer algum esforço.
É melhor sobre aprender a análise da mesa e então deixar o subconsciente conduzir a análise nunca saindo da zona enquanto se está a jogar. Isto requer uma considerável quantidade de confiança própria sendo portanto difícil.
Se observar os profissionais mencionados verificará também que normalmente se sentam nas linhas laterais esperando pela sua próxima vez de jogar. Em essência não estão a fazer nada que os puxem para fora do limite deste estado alterado de consciência que é tão útil para a excelência de jogo. Não são robôs, estão a usar uma forma diferente de consciência do mundo.
Já agora, para os que pensam que o subconsciente é ridículo ou não tem sentido, expliquem como a mente consciente cálcula a trajectória da bola branca. Não é possível dizer o que se diz aos músculos para executar a força X para mover a bola a distância Y atingindo a tabela com a quantidade Z de efeito lateral. Estes cálculos são feitos pelo nosso subconsciente. Simplesmente, não se sabe como essa parte da pessoa o faz, mas é feito espantosamente bem por uma parte da mente que não usa linguagem.
Deixar a conversação mental é definitivamente parte do processo, o que deve ajudar a preparar ou mesmo criar algum tipo de fluxo ou zona como comportamento.
Aprendizagem contra Intuição
Estará a intuição e o conhecimento relacionado?
A nossa intuição não aparece magicamente, é necessário construi-la. Fazê-la a aprender e a aplicar o conhecimento durante a práctica (fundir experiência com o conhecimento) é a mais eficiente e eficaz forma.
Algumas pessoas insistem que aprendem unicamente pela práctica (repetição) e sentem que estão a fazer fundamentalmente diferente das que practicam e ao mesmo tempo tentam compreender o que está a acontecer.
Quando se diz ao próprio, “Eu lembro-me desta jogada”, ou “Sei como tacar isto”, ou “Tenho de bater forte nesta mesa para fazer três tabelas”, pensem sobre de onde vem este conhecimento intuitivo. Vem seguramente da experiência. Vem da lembrança de coisas que aconteceram antes em situações parecidas. Mas como se consegue lembrar as coisas correctas?
Quando se taca a bola e se obtem um certo resultado (a bola branca rola uma determinada distância), o que é exactamente lembrado sobre a experiência (não sobre uma lembrança consciente mas sobre o desenvolvimento intuitivo)? Uma pessoa lembra-se do que tem vestido? Lembra-se do dia da semana? Com quem está a jogar? Que música está a tocar? Quem está perto da mesa, próxima de mim? Se se sente bem com os sapatos? Lembro-me se tenho sede? Se as bolas estão a brilhar? Deitei-me cedo ontem? … Existem incontáveis peças potenciais de informação para catalogar quando se executa aquela jogada, e algures no tempo começamos a catalogar muito das coisas correctas.
Este processo de aprender o que catalogar é sobre construir um modelo da situação. Para separar a resma de (possivel) informação útil da informação útil, é necessário criar modelos do mundo à nossa volta. Não é só o que os analistas fazem, todos o fazemos. É a forma como estabelecemos a nossa perspectiva do mundo, o nosso conceito da realidade.
Quando temos o sentimento que é uma mesa rápida, temos definitivamente características que um modelo físico está implícito. Está implicado que existe uma velocidade para a mesa que é característico para todas as jogadas naquela mesa naquele dia. Está implicado que todas as tacadas leves e fortes são ambas afectadas similarmente. Que a velocidade ao longo da mesa é a mesma tanto para lá como para cá. Que se a bola branca anda rápido, as bolas objecto também, e assim sucessivamente.
Alguns destes modelos são desenvolvidos por nós, outros recebemos de outras pessoas. Um modelo pode estar errado e no entanto ser útil no sentido práctico. O modelo de que a terra é plana é útil para compilar informação e desenvolver intuição desde que não viajemos muito longe. No Pool, o modelo para puxar, ter de acelerar ao atravessar a bola branca ou ter um longo terminar da tacada é na maior parte útil ou pelo menos não é negativo.
A dificuldade vem quando se tenta estender o conhecimento para novas situações. Se o modelo não é consistente com os resultados, não se cataloga as coisas correctas e a aprendizagem vai ser retardada.
Uma analogia:
Escolhemos uma pessoa que nunca conduziu um carro (alguém de uma remota tribo da selva que nunca ouviu um carro). Damos-lhe um carro com tracção traseira e deixamo-lo conduzir sobre neve e gelo durante milhares de horas. Não deixamos que veja o exterior do carro, que saiba que tem rodas, quanto deixá-lo sozinho. Ele se tornará bastante bom, e não ficará preso a descobrir o que consegue e o que não consegue fazer. Aprenderá a conduzir quando o carro começar a derrapar de modo a ter o melhor controlo. Irá também, necessáriamente, desenvolver modelos que vão ao longo desta intuição. E esses modelos vão servir perfeitamente para a experiência dele.
Agora, damos a esta pessoa da tribo da selva um carro com tracção à frente. A pessoa vai passar um tempo de inferno. As coisas não parecem funcionar bem e não fazem sentido nenhum. As coisas simplesmente parecem todas baralhadas. Os seus modelos não têm utilidade. Aprender sobre a nova situação vai ser muito difícil.
Mas se no entanto, o seu modelo da situação – desde o início – envolvesse que o primeiro carro tinha tracção atràs, e que a condução envolvia tracção à frente, e se a pessoa tivesse este contexto enquanto desenvolvia intuição e capacidades, então seria muito mais fácil para ele estender a sua intuição para a situação de tracção à frente, onde teria de guiar numa direcção diferente e fazer coisas diferentes quando começasse a derrapar.
Aprender sobre a física do Pool e sobre deflecção, curva, etc – para os que o gostam de o fazer – só contribui para o nosso desenvolvimento dos nossos modelos que estão inexplicavelmente ligados ao desenvolvimento da nossa intuição. Pode-se aprender a jogar Pool muito bem sem se fazer qualquer esforço para compreender o que está a acontecer (ficar dentro do carro). Mas tudo o resto sendo igual, ficar-se-á melhor quanto mais esforço se fizer para compreender o que está a acontecer. A compreensão da física às vezes proporciona ter uma verdadeira visão do futuro.
Como consegue a análise física melhorar o meu Pool?
O propósito da análise física e suas discussões não é sempre só para ajudar a fazer o seu jogo melhor. Muitas vezes, é só para ajudar a desenvolver um melhor entendimento do que está a acontecer fisicamente. Agora, algumas vezes essa compreensão evoluida pode ajudar a levar a conselhos técnicos e de reflexão que podem ajudar na mesa. Além disso, para muitas pessoas compreender pode ajudar a uma melhor confiança. Sempre que se consegue basear a intuição com compreensão, normalmente obtêm-se mais confiança. Consegue-se melhor focar numa confiante execução da jogada, sem ter o subconsciente a duvidar da intuição.
Os jogadores de topo que têm uma intuição perfeita não precisam de compreender a regra dos 30 graus, técnica de pontaria pousada, como atingir a máxima transferência de efeito, ou reacções de efeito lateral interior ou exterior, física na tabela, porque instintivamente sabem todas estas coisas baseadas em intuição e confiança construida de anos e anos de práctica e jogo sucedido. Sabem simplesmente para onde as bolas vão em cada jogada. No entanto, para todos os restantes, um pouco de conhecimento, compreensão, e reflexão podem ajudar um a melhorar mais rápido e ter mais confiança. Conhecimento técnico não é suficiente.
Consegue o conhecimento sozinho fazer alguém um grande jogador?
Obviamente que não. Conhecimento só por si não é habitualmente um factor decisivo num jogo entre dois bons jogadores. Eles já sabem o que precisam saber para serem jogadores de topo (já têm muito conhecimento). O conhecimento não faz ninguém um bom jogador, mas dramaticamente acelera o processo de aprendizagem para muitos iniciais a intermédios jogadores. Por exemplo, se uma pessoa conhece a regra dos 30 graus, ele ou ela saberá imediatamente para onde a bola branca irá em muitas jogadas. A alternativa é passar anos a construir intuição para servir de substituto ao conhecimento.
Outro exemplo, é o choque das pessoas que quando tinham a certeza que estavam a apontar bem ficam impressionadas como falham a bola. Não existe uma completa compreensão ou boa intuição dos efeitos da deflecção, curva e transferência de efeito (especialmente a última, quando jogado em espaços em que as mesas e bolas não estão nas melhores condições) ou não existia experiência suficiente para fazer melhores decisões sobre quando e como efeito lateral deve ser utilizado.
Para chegar ao ponto em que consistentemente se consegue terminar jogos, é necessário ter montes de capacidades que só aparecem com muita práctica e jogos. Para consistentemente terminar jogos, é preciso um tacada repetitiva, grande visualização e pontaria, grande controlo da força, bom planeamento, bom julgamento, boa capacidade mental para focar, determinação, etc! Conhecimento e compreensão por si não proporcionam estas coisas.
Practicar só é proveitoso quando se practica as coisas correctas. Practicar e não saber o que se está a fazer mal provoca normalmente mais estrago do que proveito.
As pessoas dizem que é necessário instrução profissional e supostamente num mundo perfeito estão certas, mas são muito poucas pessoas as que seguiram esse caminho e as poucas que o fizeram desperdiçaram muitos anos até perceberem se a opção era viável ou até desejável. Todos temos de nos lembrar que aprendemos mais se mantivermos uma mente aberta e ao mesmo tempo não acreditar em tudo ou todos que ouvimos porque existe muita desinformação por aí e os conselhos gratuitos que existem para quem os queira receber, vale o que pagamos por eles. Se funciona para a pessoa, usa-se. Senão, é melhor ignorar.